Candido Inácio da Silva - Lá no largo da Sé velha

Compositor Brasileiro: Cândido Inácio da Silva (1800 - 1838) Obra: Lá No Largo Da Sé Velha Texto: Manoel de Araujo Porto-Alegre Flautas e Direção: Ricardo Kanji Tenor: Tiago Pinheiro Guitarra: Guilherme de Camargo * Gravado na Igreja da Ordem 3ª de São Francisco (RJ) em dezembro de 2009 - Vox Brasiliensis ** Lá no largo da Sé velha tece uma saborosa crítica à corrupção e aos desmandos econômicos da época. ’’ Lá no largo da Sé Velha Está vivo um grande tutu Numa gaiola de ferro Chamado surucucu Cobra feroz Que tudo ataca ’Té da algibeira Tira pataca Bravo à especulação São progressos da nação Elefantes berrões Cavalos em rodopios Num curro perto da Ajuda Com macacos e bugios Tudo se vê Misericórdia Só por dinheiro A tal mixórdia Bravo à especulação São progressos da nação Os estrangeiros dão bailes Pra regalar o Brasil Mas a Rua do Ouvidor É de dinheiro um funil Lindas modinhas Vindas de França Nossos vinténs Levam na dança Bravo à especulação São progressos da nação Água em pedra vem do norte Pra sorvetes fabricar Que nos sorvem os cobrinhos Sem a gente refrescar A pitanguinha Caju, cajá Na goela fazem Taratatá Bravo à especulação São progressos da nação ’’ *** Cândido Inácio da Silva Rio de Janeiro, 1800 - Rio de Janeiro, 1838 Foi discípulo do Padre José Maurício, com quem aprendeu teoria e canto na escola que o Padre mantinha na Rua das Marrecas (RJ), onde foi colega de Francisco Manuel da Silva. Sendo aluno do Pe. José Maurício, estava dispensado do serviço militar, indo cantar com freqüencia nas solenidades da Capela Real, hoje Catedral Metropolitana. Considerado como autor das mais belas e mais celebradas modinhas do Primeiro Reinado. De suas peças, que tiveram várias edições na época, destacam-se as modinhas “Busco a campina serena“, e “Quando as glórias que gozei“, que se encontra citada em “Memórias de um sargento de milícias“, de Manuel Antônio de Almeida. Cândido Inácio destacou-se no Rio de Janeiro como tenor, tendo participado como solista de um concerto da sociedade Acadêmicos Filarmônicos em 1825. Em 1832, participou de um concerto realizado no Teatro Constitucional, organizado pelo flautista e editor Pierre Laforge. Ao lado de Francisco Manuel da Silva, foi um dos fundadores da Sociedade de Beneficência Musical (1833), em cujos concertos seu nome aparece como compositor, tendo sido apresentadas de sua autoria as “Novas variações para corneta de chaves“ e “Variações para corne inglês, clarineta e flauta“, com orquestra. Em 1837, numa récita de gala no teatro Constitucional Fluminense, pelo aniversário de II, foi executado o “Hino das artes“ de sua autoria. Nesse mesmo ano, a copistaria musical de Pierre Laforge editou suas “12 Valsas para piano“. Segundo publicação do “Jornal do Commercio“ de 1839, “a ele devemos quantidade prodigiosa de modinhas e lundus, variações e concertos para diversos instrumentos e, sobretudo, a produção dramática de coros infernais, nos quais ele se afastou da estrada da rotina e do plagiato, aparecendo em cena com uma harmonia nova e um colorido original que só pertencem ao gênio; em todas as suas produções havia um pensamento melódico que revelava um estilo próprio, e a sua harmonia era manifestada por combinações originais“. Na coleção de “Modinhas Imperiais“ editada por Mário de Andrade, dentre as 16 selecionadas, duas são de autoria de Cândido Inácio: “Busco a campina serena“, cujos versos não trazem nome do autor, e “Quando as glórias que gozei...“, com texto também anônimo. Segundo o musicólogo, “este músico, totalmente ignorado por nós, me parece estar entre as figuras mais dignas de pesquisa da composição nacional“.
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